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A personagem feminina fútil

Deixa eu explicar novamente, porque o fã clube dela é grande: nada contra a senhora Barbara Millicent Robert (Barbie para os íntimos). Brincamos juntas muitas vezes na infância (tive uma versão da Pocahontas maravilhosa, aliás). Contudo ela é um ótimo exemplo visual desse estereótipo que já figurou tantas vezes na cultura pop. 


Mas vamos a uma definição mais verdadeira sobre esse tipo de personagem: se a gente olhar de perto e investigar apropriadamente, perceberemos que se trata, na verdade meeeesmo, de um estereótipo de feminilidade sob uma perspectiva bem masculina (cof cof, machista, cof cof).

São mulheres retratadas como um exemplo do que é ser "bem feminina" dentro do modelo patriarcal e, para alcançar essa imagem do ser "bem feminino", a personagem normalmente é aquela moça dentro do padrão estético cultural (bem modelete) e totalmente alienada, que só pensa em sua própria beleza, terrivelmente materialista, egoísta, incapaz de agir por si mesma, muitas vezes até irritante para os demais personagens (e para o público, em geral). 

E o problema é, rufem os tambores: a feminilidade acaba se tornando algo ridículo.


E, veja bem, há zero problemas em gostar de coisas ditas "bem femininas".

É ótimo se cuidar, gostar de moda, de produtos capilares, de sapatos, de bonecas, de rosa...

São gostos e características apenas. O problema é que foram ridicularizados por muito tempo, como o é tudo que é considerado feminino. 

Ah, você acha que eu estou de papo militudo novamente? Já está pensando que não tem nada a ver e que estou destruindo os símbolos da sua infância?

Então se liga nessas falas a seguir:

"Você bate como uma mulherzinha", "isso é coisa de menininha", "está parecendo uma garotinha chorona", "fala igual uma moça", "tinha que ser mulher"... 

Percebe? O feminino é culturalmente relacionado a algo ruim, chato, burro, fraco, tanto que é encarado como xingamento.


Já sabemos que os caras têm pavor de serem comparados a uma mulher. Mas o negócio é tão problemático que muitas mulheres não querem ser comparadas e/ou relacionadas a outras mulheres

Quantas vezes você já não pensou "mas eu não sou como as outras, eu sou diferente!" ou ouviu de uma guria "eu prefiro amigos homens, mulheres são chatas, falsas"? 

É curioso como a sociedade espera que a mulher seja essa caricatura que ela criou do que é o feminino, e, ao mesmo tempo, transforma essa mesma imagem em algo desagradável. 


Só para finalizar, vale uma menção honrosa:

senhorita Elle Woods, de Legalmente Loira.

É interessante como a personagem desconstrói, ao longo do filme, o estereótipo da "patricinha" provando que é uma brilhante advogada em um fofíssimo e brilhante terninho rosa chiclete (toda combinandinha com seu chihuahua).



Coletivo de mulheres feministas de esquerda que busca atuar de forma a ampliar a representatividade política feminina no município de Cataguases, MG.

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