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Existe brinquedo exclusivo para menino e menina?

Sim, compas! Eu precisei trazer dona Barbie para fazer hora extra nesta postagem por motivos de, bom, quando se fala em "brinquedo para menina" é extremamente comum que se ilumine a palavra Barbie em nosso cérebro (pelo menos até dar uma olhada nos preços). 

Então, o que vamos problematizar aqui não é a Barbie em si, mas por que motivo pensamos nela quando vamos comprar o presente da nossa pequena afilhada (filha, irmãzinha etc).


Para começar, proponho um exercício. 

Dá uma olhadinha nessa imagem, jogo rápido, e responda mentalmente: qual das duas mostra brinquedos de menina e qual mostra brinquedos de menino?



Não me venha dar uma de ser desconstruído. Cá entre nós, companheiros de trincheira, sabemos bem que a resposta já vem quase que automaticamente: rosa é de menina e azul é de menino. Isso tá parecendo uma certa senhora, né? Mas vamos nos aprofundar nesse trem!

Primeiro, precisamos falar sobre cor. Sinta a veia científica neste momento: cor é a interpretação que o nosso cérebro faz a partir da luz refletida sobre um objeto qualquer.

Tem inclusive umas células especiais nos nossos olhos para esse serviço, chamadas bastonetes e cones.


Está se perguntando se isso é um resumo pro Enem? Calma, que vou chegar no ponto.

Aquilo que a gente chama de rosa e de azul e a forma como utilizamos essas cores são construções sociais, não são uma ideia pré-concebida. Nós aprendemos seus nomes e a associar essas cores com feminino e masculino. Não há uma programação genética pré-determinada para essas assimilações.

Sério. Significa que alguém, em algum momento, achou que rosa era uma cor feminina e que azul era masculina e meio que a sociedade comprou essa ideia.

E nem sempre foi assim. Veja só essa publicação de 1918 da revista de moda infantil americana Earnshaw, que era voltada para profissionais da área:



(Eita! Acho que agora buguei a cabeça de alguns conservadores, não é mesmo? - alô, Damaris!). Mas como isso funciona para brinquedos, afinal de contas?

Os brinquedos são uma representação mais prática dos papéis que a sociedade determinou para cada gênero. 

Brincando, a criança acaba por aprender uma série de comportamentos sociais. E isso faz parte do processo educativo. 

O problema é limitar a um ou outro gênero um determinado tipo de aprendizagem com base no que é socialmente aceito em detrimento do gosto pessoal da criança.

Quer dizer, a menina não necessariamente vai curtir brincar de boneca Barbie, ela pode preferir um conjunto Hot Wheels. O guri pode detestar bolas de futebol e amar profundamente a Elsa. E isso diz respeito à preferência do que elas julgam divertido.

Pensa aí, os brinquedos ditos para meninas costumam ter uma relação forte com o lar (fogãozinho, vassourinha - tudo rosa) e ao cuidado (bonecas bebês, bonecas que trocam roupas, cabelo, maquiagem - ainda muito rosa), já aqueles destinados aos meninos possuem uma vibe de aventura, sabe? Tipo super heróis, carrinhos, bonecos de ação, bola, avião, arminhas e espadinhas. 
Impedir que as crianças tenham contato com variados tipos de brinquedos por determinação de gênero limita que os meninos aprendam sobre as responsabilidades com lar e as meninas sobre coragem e aventura, por exemplo.

Vimos que as cores são uma construção social, assim como os papéis dos gêneros na sociedade e a determinação de brinquedos para cada gênero. Não se trata de uma regra. Criou-se e convencionou-se isso, mas esse modelo não vai se encaixar pra todo mundo. 
As pessoas são plurais.

E nada disso tem absoluta ligação com a orientação sexual das crianças. 
Não são elas que instituem papéis a essas atividades.
É apenas o gosto delas sobre a forma como elas preferem brincar.

E fica aqui o questionamento: se os meninos brincassem mais de casinha e as meninas de futebol, seria o mundo o mesmo? 


Coletivo de mulheres feministas de esquerda que busca atuar de forma a ampliar a representatividade política feminina no município de Cataguases, MG.

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