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Vamos falar de "Lugar de Fala"? Então vamos.


Esta postagem tem um interesse marqueteiro muito específico que é divulgar a seção "lugar de FALA", recém criada por estas bandas deste blog.

Porém, antes, precisamos falar sobre lugar de fala.

Esse termo tem sido bastante ouvido (e falado, dá-lhe BBB) por aí afora e costuma chegar causando. Daí varia, a algumas pessoas causa dúvida, para outras estranhamento, há quem sinta até antipatia pelo termo, inclusive. Mas bora deixar de consultar o "tio do zap" e partir para algo, sei lá, um pouco mais embasado? 

Para começo de conversa, é necessário saber que Lugar de Fala é o título de um livro de Djamila Ribeiro, lançado em 2017. Só para constar, Djamila é essa mulher logo aqui embaixo, que, além de escritora, também é feminista, negra e filósofa.


Pois bem, dona Djamila vai dizer o seguinte sobre o lugar de fala

“O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas”.

Antes de chegar ao lugar de fala propriamente dito, ela vai nos apresentar, ao longo do livro, como alguns grupos tiveram suas vozes sistematicamente silenciadas na história, enquanto outros detinham o poder e, portanto, meio que monopolizavam os espaços políticos, culturais, sociais e por aí vai. O que nos leva ao questionamento: será que ainda hoje algumas vozes têm mais chances de serem ouvidas do que outras?

Partimos, enfim, para um panorama centrado nessas terras tupiniquins nos dias atuais. Acontece que toooooooda essa herança de silenciamento, de exclusão, de preconceito etc acabou por criar uma estrutura de hierarquia que considera inferior as produções intelectuais, os saberes e as vozes de determinados grupos, chamados "minoria". Portanto, quando se fala de "minoria" não é no sentido literal relacionado a número ou quantidade, mas à questão da marginalização histórica. Isto é, são grupos que foram colocados fora do centro de poder, às margens da sociedade.

Bom, e daí? Daí que sim, ainda hoje essas minorias continuam a não ocupar, de maneira considerável, esses espaços de poder e é exatamente aí que vai entrar o lugar de fala.

Resumindo (sim, isso é um resumo! E não reclame do tamanho porque a coisa é muito mais complexa, lembra que a mulher fez um livro inteiro explicando isso?), toda a ideia do lugar de fala gira em torno de proporcionar visibilidade a pessoas cujas vozes foram desconsideradas por muito, muito, muuuuuito tempo. 

Na prática, funciona assim: quando se trata de um assunto específico a um determinado grupo, como por exemplo o racismo e o machismo, as pessoas negras e as mulheres possuem, respectivamente, lugar de fala. Quero dizer que elas poderão dar testemunho de uma visão que pessoas brancas e homens podem não ter, porque não sofrem com isso. Então, a gente passa o megafone para quem realmente vivencia aquela realidade.

"AI, LAÍS, MAS EU SOU HOMEM E QUERO FALAR SOBRE MACHISMO". Ok, alecrim. Pode falar. Lugar de fala não quer dizer que as pessoas brancas não possam falar sobre racismo ou que homens não possam nunca discutir o machismo, mas há de se compreender que ocupam um lugar privilegiado no sistema, que sempre foram ouvidos e que, talvez (apenas TALVEZ) seja a hora de escutar um pouco. E refletir, porque refletir é importante!

E eis que chegamos à seção "lugar de FALA" deste blog que este post inaugura oficialmente! 
(Eu inaugurando coisas por aqui, não é mesmo?) 

Criamos esse espaço para justamente proporcionar às pessoas um lugar para compartilharem uma experiência transformadora ou uma vivência particular. Cataguases possui muitas vozes, vozes e mais vozes por todos os lados e que, muitas vezes, podem passar despercebidas. Queremos, portanto, trazer um pouco dessas histórias, dessas narrativas à tona para que mais pessoas possam ouvir e talvez, quem sabe, também trazer uma sementinha de transformação em outras vidas?

Para participar, é muito fácil. Basta nos enviar um e-mail (coletivolelias@gmail.com) ou ir na área "Fale Conosco" e relatar sua experiência. Vamos ler tudo que chegar com muito carinho (e, no meu caso, ligeiro cansaço porque muitas leituras simultâneas tumultuam o meu ser neste momento!) e entrar em contato com os detalhes.

OBS: Inclusive, estou até pensando em contar uma experiência minha algum dia e olha que nem é lá essas coisas de emocionante. Mas é válida. Ao menos foi para mim. E é importante que entendam isso, não precisa ser algo mirabolante, basta que seja transformador de algum modo. Ah, e a gente ajuda com a escrita, se esse for o problema.
I am a PhD candidate in Linguistics at the Federal University of Juiz de Fora (UFJF), with a Master’s degree in Language and Literature from the Professional Master’s Program, a postgraduate specialization in Literary Theory and a Bachelor’s degree in Language and Literature with an emphasis in English. Currently, I am a Portuguese Language teacher at the Minas Gerais State Department of Education, but I have experience as a scorer and evaluator of essays, open-ended items and written-response questions in large-scale educational assessments, as well as experience as a text editor. I also venture in the field of art, design and illustration (particularly with CorelDraw, Adobe Illustrator and Photoshop). In addition, I am an active member of a feminist political group dedicated to advocating for women's rights and gender equality.

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